Em setembro de
2019, a Fundação Lemann esteve em Singapura para aprender mais sobre o
tema de gestão de pessoas no setor público.
Leiam abaixo esta
incrível experiência da Fundação Lemann.
A viagem contou com
cerca de 20 gestores públicos brasileiros, representantes do terceiro setor e
formadores de opinião, e foi organizada por integrantes da Aliança que discutem
o assunto: Fundação Lemann, Instituto Humanize e República.org.
Aqui, reunimos
alguns dos principais aprendizados de nossa imersão em Singapura. São
experiências que podem inspirar melhorias e ajudar a olhar os desafios da
realidade do Brasil. Vamos conhecer?
1. Gente: o maior
recurso natural
Singapura acredita muito em suas pessoas. O país,
que não tinha petróleo e recursos naturais, chegou longe em seu desenvolvimento
por investir nas pessoas - desde a educação básica até a atração dos melhores
talentos para atuar no governo. Ter pessoas de excelência na esfera pública
tornou Singapura a grande potência que é hoje.
A valorização das pessoas surge ainda no século 20,
quando o país almejou ter servidores públicos bem preparados para o século 21.
Durante 15 anos, construíram a ideia de um serviço público de excelência que
entregasse o melhor para seus cidadãos.
Singapura deixou
muito claro quais as competências e habilidades que as pessoas precisam para
realizar seus trabalhos e, em especial, para serem lideranças no governo. Além
da boa capacidade analítica, é importante ter competências e habilidades de
colaboração, foco e motivação pela excelência de resultados.
Cerca de 20 gestores públicos brasileiros,
representantes do terceiro setor e formadores de opinião foram para Singapura
2. Serviço público
é coisa séria
O líder que pensa e
constrói as políticas para os servidores também lidera todo o planejamento do
governo e está ligado diretamente ao Gabinete do Primeiro Ministro. Ele se
reúne semanalmente com todas as demais lideranças como Ministros, Secretários,
Executivos e Diretores de autarquias para discutir como os servidores estão
performando e pensar ações de desenvolvimento. As três ações principais são:
desenvolver líderes fortes para o governo, preparar o governo para o futuro e
promover uma boa governança.
3. Formação e desenvolvimento
desde a educação básica
Singapura tem
diferentes mecanismos para atrair talentos ao governo. Na educação, por
exemplo, apenas os alunos que atingem os melhores resultados se tornam
professores. Os jovens profissionais mais destacados, recebem uma bolsa para
estudar nas melhores universidades do mundo e, depois, voltam para trabalhar no
governo. Quando começam, esses mesmos alunos de alta-performance recebem até
seis meses de treinamento prático sobre como dar aula e gerir uma sala de aula.
Em relação à
carreira, a partir do quarto ano de serviço público, os professores precisam
eleger qual eixo de carreira se identificam mais. Aqueles que conhecem muito
bem o conteúdo que ensinam, podem virar especialistas; os que gostam de
lecionar percorrem diferentes níveis na profissão de professor. Também é
possível virar mentor de outros professores ou ocupar cargos de liderança.
4. Foco nas
competências de liderança pública
No governo de
Singapura, quem já assumiu uma posição de liderança e quem quer chegar lá
recebe bastante atenção. Existe um grupo de aproximadamente 300 servidores
públicos que são reconhecidos pelo alto potencial de liderança. Eles são
preparados para assumir novas posições e futuros desafios. O atual Ministro de
Relações Exteriores, por exemplo, já foi Ministro do Meio Ambiente, trabalhou
no Ministério de Indústria e Comércio e ocupou diversos cargos em sua
trajetória. O mais importante é ter habilidades gerenciais e de liderança para
alcançar as oportunidades.
A liderança é tão
importante que há um departamento totalmente focado nisso. Para garantir
isonomia, há uma comissão externa, formada por pessoas da sociedade civil
com trajetórias relevantes, ex-servidores destacados, entre outros que
designa quais talentos do governo irão ocupar cada posição de liderança.
5. Avaliação por
desempenho é recorrente e direcionadora
Todos são avaliados
anualmente para entender se estão desempenhando como esperado. Há comitês que
ajudam a comparar servidores do mesmo nível para garantir os mesmos
critérios.
Quando alguém não
está indo bem, antes do desligamento, há uma tentativa de realocar a pessoa.
Quem sabe em uma outra posição ela consegue entregar o quê é esperado? Para
isso, há clareza de quais habilidades e quais resultados são esperados em cada
posição no governo.
Apenas 5% dos
servidores são demitidos, assim como apenas 5% é promovido. Os que vão melhor,
participam de projetos mais estratégicos e recebem novas oportunidades de
formação, cursos e treinamentos.
6. Na remuneração,
o governo de Singapura é tão atraente quanto o setor privado
O governo mantém
remuneração competitiva o bastante para ser tão atraente aos talentos do país
quanto a iniciativa privada. Ao mesmo tempo, não excede a média desses valores
para atrair gente realmente comprometida com o espírito público e que não venha
motivada apenas por um salário maior que o do mercado.